quinta-feira, 14 de maio de 2009

Vacina contra a rubéola na grávida: existe problema?

Estudos mostram que bebês que nasceram de mulheres que tomaram a vacina sem saber que estavam grávidas não tiveram malformações. Mesmo assim a recomendação para que as gestantes não façam a imunização continua


Ana Paula Pontes


Shutterstock

Você participou da campanha da vacinação contra a rubéola e descobriu que estava grávida. Não é preciso pânico. Diferente da doença, que pode causar a síndrome da rubéola congênita (surdez, cegueira, alterações congênitas) nos bebês nascidos de mães que foram infectadas durante a gestação, a vacina é feita com um vírus atenuado e, segundo evidências científicas, ele não é teratogênico. Ou seja, não causa malformações no bebê.

De acordo com informe técnico do Ministério da Saúde, o vírus da vacina até pode transpassar a placenta e provocar infecção fetal em um pequeno número de gestantes vacinadas, porém em alguns registros da literatura de casos assim nenhum recém-nascido apresentou problemas. “A vacina não leva à doença, e sim à imunidade da mulher”, diz Newton Eduardo Busso, ginecologista da Sociedade Brasileira de Obstetrícia.

“Em outras campanhas, situações como essas, de mulheres que tomaram a vacina sem saber que estavam grávidas, já aconteceram, e não há relatos oficiais de complicações fetais”, diz Orlando Jorge Gomes da Conceição, infectologista do Hospital São Luiz.

E por que a recomendação de que grávidas não podem tomar a vacina? Para Jacyr Pasternak, infectologista do Hospital Albert Einstein, como não há 100% de certeza de risco ou não, apesar das evidências, é desnecessário o desgaste emocional da gestante, que nessa fase normalmente já tem inseguranças e dúvidas em relação á saúde do bebê. Segundo informe do Ministério da Saúde, o principal objetivo de não imunizar a grávida é evitar que, caso ocorra algum problema na gravidez ou com o bebê, ele não seja associado à vacina.

“Parece haver casos de médicos recomendando a interrupção da gravidez ao saber que suas pacientes foram imunizadas. Além de ser ilegal, não há razão nenhuma para isso”, diz Lavinia Schuler Faccini, geneticista e diretora científica da Sociedade Brasileira de Genética Médica, que divulgou um comunicado oficial avisando sobre essa prática. Segundo a especialista, em 2002, após campanha de vacinação contra a rubéola, foi realizado no Rio Grande do Sul um estudo com 470 mulheres que tomaram o imunizante sem saber que estavam grávidas ou que engravidaram pouco tempo depois. Todos os bebês nasceram sem nenhum problema causado pela vacina.

Ainda assim, a recomendação do Ministério da Saúde a ser seguida é de não se vacinar se estiver grávida e evitar a gravidez por, no mínimo, 30 dias após a imunização.


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