sexta-feira, 15 de maio de 2009

Piso Nacional


Brasília - Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) avaliou a alfabetização de 24,5 mil alunos potiguares, em 2.160 escolas públicas das redes municipais e estadual. Alunos de todos os 167 municípios do Rio Grande do Norte participaram de atividades para identificar o estágio de leitura e escrita dos estudantes após dois anos de alfabetização. Foram avaliados somente alunos de oito e nove anos matriculados no 3º ano do ensino fundamental.A pesquisa mostra que a maioria dos alunos avaliados não consegue ler ou escrever, os professores recebem salários baixos e 60% das escolas não têm bibliotecas. O diagnóstico foi apresentado ontem pela coordenadora da pesquisa, professora Denise Lopes, da UFRN, durante o 6º Grupo de Trabalho das Capitais e Grandes Cidades, que está sendo realizado em Brasília. Ainda em fase de análise dos dados, a pesquisa resulta de parceria entre o Ministério da Educação, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a UFRN e a Secretaria de Educação do Rio Grande do Norte. O objetivo do diagnóstico da alfabetização das crianças é oferecer subsídios para melhorar a qualidade do ensino no estado, que teve o pior desempenho entre as unidades da Federação, medido pelo último Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).Nas atividades de leitura, os pesquisadores apresentaram aos alunos listas de palavras relacionadas com o cotidiano dos estudantes e textos curtos da literatura oral. Das 24,5 mil crianças avaliadas, 9.998 leram e compreenderam palavras como batata, feijão e bode; outras 3.690, apenas algumas palavras; 4.912 reconheceram letras; as demais identificaram apenas algumas sílabas, não quiseram ou não conseguiram ler. Em relação à leitura de textos, das 24,5 crianças, 6.306 leram com hesitação e não compreenderam a leitura e mais 6.012 meninos e meninas leram com fluência.Os pesquisadores observaram que a maior parte das crianças copiam letras e palavras, escrevem palavras não identificáveis ou desenham - estágio da alfabetização considerado inicial. De acordo com as atividades de avaliação, as crianças tinham de escrever palavras ditadas a elas e reproduzir um pequeno texto lido de acordo com suas percepções. Dez mil alunos conseguiram escrever palavras dentro das convenções, mesmo com erros ortográficos, mas poucos reproduziram o texto com os mesmos personagens e seqüência de ações.A pesquisa também avaliou aspectos diretamente ligados ao desempenho dos alunos, como as condições de infra-estrutura da escola e o salário do professor. Cerca de 2,8 mil professores participaram do diagnóstico. Deles, 49% recebem entre R$ 380 e R$ 750, abaixo do valor do piso para o magistério (R$ 950), cuja proposta tramita no Congresso Nacional. Em 60% das escolas visitadas, não há bibliotecas ou salas de leitura. O problema se reflete na forma de ensinar e aprender: 47% dos alunos só lêem o que o professor escreve no quadro, 31% lêem também os deveres do caderno e 25%, os livros didáticos.CCJ da Câmara aprova piso salarial de professoresA Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou na quarta-feira o projeto de lei, PL nº 7.431/06, que trata do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN). A comissão acrescentou ao projeto uma emenda que estende os benefícios do piso para os profissionais aposentados e pensionistas. O texto aprovado prevê um piso nacional de R$ 950,00 a ser implantado gradativamente até 2010. A matéria tramita em regime conclusivo e segue agora para o Senado, onde será apreciada pelas comissões de Finanças e Tributação e Constituição e Justiça.Na avaliação da deputada Fátima Bezerra , a aprovação do piso contemplando os inativos é uma grande conquista. Fátima descartou a impossibilidade financeira para arcar com o piso. “O texto aprovado na CCJ tem sustentação jurídica e financeira, pois caberá aos estados e municípios atualizarem esses valores à luz do piso. É bom ressaltar que o piso será implantado gradativamente e que o projeto prevê complementação da União para os municípios que comprovarem incapacidade financeira para arcar com o aumento”, explicou.De acordo com a petista, os ganhos são incontáveis. “É o coroamento de um projeto importante para a sociedade, pois estamos tratando da educação, de um passo rumo a uma política nacional de valorização do magistério. Esse projeto foi muito debatido, por isso chegamos a essa pactuação”, reforçou.
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