quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

valor do novo piso nacional de professores é de R$ 1.451

O Ministério da Educação divulgou na tarde da última segunda-feira (27) que o piso salarial nacional dos professores será reajustado em 22,22% e seu valor passa a ser de R$ 1.451,00 como remuneração mínima do professor de nível médio e jornada de 40 horas semanais. A decisão é retroativa para 1º de janeiro deste ano.

Segundo o MEC, a correção reflete a variação ocorrida no valor anual mínimo por aluno definido nacionalmente no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) de 2011, em relação ao valor de 2010. O piso aplicado em 2011 foi de R$ 1.187, e em 2010, de R$ 1.024.

A aplicação do piso é obrigatória para estados e municípios de acordo com a lei federal número 11.738, de 16 de junho de 2008. Estados e municípios podem alegar não ter verba para o pagamento deste valor e, com isso, acessar recursos federais para complementar a folha de pagamento. No entanto, desde 2008, nenhum estado ou município recebeu os recursos porque, segundo o MEC, não conseguiu comprovar a falta de ve

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
















Escola Lourenço Pereira de Albuquerque e Adelaide Rosendo Neto
Gestora: Maria Zélia de Morais
Relatório


07 de Julho de 2011, assumi a função de gestora das Escolas: Lourenço Pereira de Albuquerque e Adelaide Rosendo Neto. Iniciando neste dia já mencionado reuni toda a equipe das escolas para ouvi-las e também ser ouvida, foram momentos proveitosos, onde fiz às minhas colocações e deixei-os bem a vontade; no dia seguinte, me reuni com a coordenadora pedagógica, Roberta Ramos da C. Albuquerque e a secretária Márcia Janaina Queiroz Silva, focaram os pontos centrais da nossa gestão, a necessidade que temos de trabalharmos em equipe. De forma que encontrei nelas o desejo de efetuarmos um trabalho nos meses subseqüentes, Agosto, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro. Informando que tivermos de imediato reunião de pais e mestres onde tivemos uma presença considerável de pais conforme constei em ata, foi muito interessante reunimos os pais por turma, o que deixou-os satisfeitos, foi servido lanche, com a intenção de serem bem recepcionados, houve distribuição de brindes, através de sorteio e explanado os direitos e deveres dos alunos, e o que queríamos com essa reunião seria trazer os pais para a escola, formando parceria iríamos nos sentir fortalecidos. Nosso desejo está sendo realizado, podemos dizer que 95% dos pais se fazem presente na escola. Ai está registrado através de fotos e ata, das famílias na escola.

Julho.
De 15 a 29 de Julho os professores efetivos aderiram a greve deflagrada pelo sindicato dos professores. Ficando trabalhando em regime normal 04 professores, com freqüência normal dos alunos. Terminada a greve com o retorno dos professores a equipe gestora tratou de ver como ficaria a reposição, apenas 1 professor teve dificuldade para repor, segundo o ritual dos colegas, mas aí foi feita a ela a seguinte proposta: Faríamos uma reunião com pais, para que os alunos ficassem agosto, setembro, outubro e novembro até 12:00hs e elaborassem um projeto cujo tema seria: O regaste histórico do Quati. A professora, os alunos e pais foram unânimes na aceitação, de projeto. Foi trabalhando, feito através da rádio FM. Nossa Senhora Aparecida de Iati. Em anexos as fotos e a culminância do projeto, apresentado pela professora Lucineide e seus alunos, cuja apresentação deu-se no dia 10/12/2011.

Agosto.
Foi desenvolvido projeto sobre o folclore tivemos apresentações: “A quadrilha de Iati” se apresentou, o grupo de teatro do Educandário Torquato Soares dês sua apresentação excelente e a professora Neriválda Queiroz trouxe o grupo “Chico Bento” as crianças da creche que abrilhantaram a nossa festa. Nossos alunos participaram de forma eufórica. Literatura de cordel, poesias, danças acompanhados de seus professores, podemos dizer que foi um momento histórico, em nosso povoado, conforme foi registrado através de fotos.

Setembro.
Comemoramos aniversario de Iati. Hasteamos a bandeira cantamos o hino de Iati e esteve conosco a banda Marcial de Soloá que desfilou nas principais ruas do povoado deixando a comunidade muito alegre. Os alunos foram conhecer a pista de MotoCross e assistiram ao 1º treino a locomoção foi feita no ônibus escolar, que veio buscar e trazer os alunos. Pode-se apreciar as fotos. Ainda em Agosto me deparei com um problema em uma das séries de nossa escola, onde uma turma de 28 alunos 70% destes estavam em situações criticas nas disciplinas Português, Matemática e Ciências. Imediatamente entramos com aula de reforço e conseguimos reverter o quadro. O que nos serviu de experiência para que não tenhamos na escola outros casos iguais, adotamos para 2012 trabalhar as disciplinas especifica com professores da área.

Outubro.
Trabalhamos com reforço os alunos que foram diagnosticados com dificuldades nas disciplinas criticas. Vivenciou-se o projeto sobre o dia da criança o carro de som marcou presença tivemos guloseimas, bolo, refrigerantes, brindes. A escola se organizou para que nesse dia as crianças sentissem o quanto são amadas pela equipe gestora da Escola e funcionários. Comemoramos o dia do professor com almoço, música. Aconteceu na churrascaria Queiroz, ambiente “A” que deixou todos muito felizes.

Novembro.
Tivemos reunião sobre o PDDE. Aproveitamos para falar a respeito de aprovação, reprovação e evasão, foi repassado o calendário das avaliações e o cronograma das comemorações do mês de dezembro. O natal das crianças, que houve a integração dos professores com apresentação de peça teatral, lanche e distribuição de lembranças a escola ficou de fato em clima de Natal, bem iluminada, com arvores e pisca-pisca.

Dezembro.
Mês que pedimos aos professores que fizessem revisão de assuntos, que fosse visto e trabalhado as dificuldades na leitura e na escrita, também que houvesse muita atenção na elaboração das avaliações para que houvesse coerência e clareza. No dia 18 de Dezembro tivemos a missa em ação de graça conforme registro de fotos. Dia 22 houve entrega de provas aos alunos e confraternização dia 23 confraternização, professores e funcionários na churrascaria Queiroz, todos participaram, houve muitas brincadeiras, música ao vivo, tivemos convidados que se confraternizam conosco, assim terminamos o ano letivo 2011.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

PASSO A PASSO DO PROJETO NMAIS EDUCAÇÃO

Como ideal de uma educação pública e democrática, a
proposta de educação integral, presente na legislação educacional
brasileira, compreende o ser humano em suas múltiplas dimensões
e como ser de direitos. Partindo deste entendimento, a secretaria
de Educação continuada, Alfabetização e Diversidade ( Secad)
incorporou em seus desafios a promoção da Educação Integral, e,
com ela. A perspectiva de ampliar tempos, espaços, atores envolvidos
no processo e oportunidades educativos em benefício da melhoria
da qualidade da educação dos milhares de alunos brasileiros. Desse
ideal constitui-se o Programa Mais educação como estratégia do
governo federal para a promoção da educação integral no Brasil
contemporâneo.
A educação que este Programa quer evidenciar é uma
e d u c a ç ã o q u e b u s q u e s u p e r a r o p ro ce s s o d e e s co l a r i z a ç ã o
tão centrado na figura da escola. A escola, de fato, é o lugar de
aprendizagem legítimo dos saberes curriculares e oficiais na
sociedade, mas não devemos tomá-la como única instância educativa.
Deste modo, integrar diferentes saberes, espaços educativos, pessoas
da comunidade, conhecimentos... é tentar construir uma educação
que, pressupõe uma relação da aprendizagem para a vida, uma
aprendizagem significativa e cidadã.
Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.
ApresentaçãoMais Educação
6 Passo a passo Mais Educação
7 Passo a passo
1 O que é o Programa
Mais Educação?
O Programa Mais Educação foi instituído pela Portaria
I n ter mini s ter i a l n. º 17/2007 e in teg r a a s a ções do P l ano de
Desenvolvimento da Educação (PDE), como uma estratégia do
Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a
organização curricular, na perspectiva da Educação Integral.
Trata-se da construção de uma ação intersetorial entre as
políticas públicas educacionais e sociais, contribuindo, desse modo,
tanto para a diminuição das desigualdades educacionais, quanto para
a valorização da diversidade cultural brasileira. Por isso coloca em
diálogo as ações empreendidas pelos Ministérios da Educação – MEC,
da Cultura – MINC, do Esporte – ME, do Meio Ambiente – MMA, do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, da Ciência e da
Tecnologia – MCT e, também da Secretaria Nacional de Juventude e
da Assessoria Especial da Presidência da República, essa última por
meio do Programa Escolas-Irmãs, passando a contar com o apoio do
Ministério da Defesa, na possibilidade de expansão dos fundamentos
de educação pública
Essa estratégia promove a ampliação de tempos, espaços,
oportunidades educativas e o compartilhamento da tarefa de educar
entre os profissionais da educação e de outras áreas, as famílias e diferentes atores sociais, sob a coordenação da escola e dos professores.
Isso porque a Educação Integral, associada ao processo de escolarização, pressupõe a aprendizagem conectada à vida e ao universo de
interesse e de possibilidades das crianças, adolescentes e jovens.
O ideal da Educação Integral traduz a compreensão do direito
de aprender como inerente ao direito à vida, à saúde, à liberdade,
ao respeito, à dignidade e à convivência familiar e comunitária e
como condição para o próprio desenvolvimento de uma sociedade
republicana e democrática. Por meio da Educação Integral, se recoO Programa Mais educação passo a passo busca, de forma
dialogada, apresentar “ doze indicações” para a promoção de sua
tecnologia educacional. O objetivo deste material é convidar você a
refletir sobre a implementação da educação integral na sua escola,
procurando desenvolver uma educação que extrapola os muros da
escola e vincula o processo de ensino-aprendizagem à vida.
O tema Passo a Passo traz expectativas de um esclarecimento
imediato e objetivo ao leitor, principalmente tratando-se de um
diretor que está assoberbado de trabalho e responsabilidade na
prática diária.
A partir da leitura do Programa Mais Educação passo a passo,
você verá o funcionamento do Programa e como implantá-lo na sua
escola com sucesso, demonstrando como é possível promover a
qualidade social da escola de tempo integral nas escolas brasileiras.
Espera-se, portanto, que este manual inspire sua prática e o conduza
a promoção de uma educação diferenciada, cativante e que
compreenda o ser humano em todas as suas dimensões.
Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetizada e DiversidadeMais Educação
8 Passo a passo Mais Educação
9 Passo a passo
2 Como funciona o
Programa Mais Educação?
O Pro g r ama M a i s Ed u c a ç ã o é o p e r a c i o n a l i z a d o p e l a
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade
(SECAD), em parceria com a Secretaria de Educação Básica (SEB),
por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para as escolas
prioritárias. As atividades fomentadas foram organizadas nos
seguintes macrocampos :
• Acompanhamento Pedagógico;
• Meio Ambiente;
• Esporte e Lazer;
• Direitos Humanos em Educação;
• Cultura e Artes;
• Cultura Digital;
• Promoção da Saúde;
• Educomunicação;
• Investigação no Campo das Ciências da Natureza;
• Educação Econômica.
Em cada macrocampo foram definidas as atividades:
2.1 ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO
• Matemática;
• Letramento;
• Línguas Estrangeiras;
• Ciências;
• História e Geografia;
• Filosofia e Sociologia.
2.2 MEIO AMBIENTE
• Com-Vidas – Agenda 21 na Escola – Educação para Sustentabilidade;
• Horta escolar e/ou comunitária.
nhece as múltiplas dimensões do ser humano e a peculiaridade do
desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens.
Esse ideal está presente na legislação educacional brasileira
e pode ser apreendido em nossa Constituição Federal, nos artigos
205, 206 e 227; no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º
9089/1990); em nossa Lei de Diretrizes e Bases (Lei n.º 9394/1996), nos
artigos 34 e 87; no Plano Nacional de Educação (Lei n.º 10.179/2001),
no Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério (Lei n.º 11.494/2007) e
no Plano de Desenvolvimento da Educação.
O Programa Mais Educação atende, prioritariamente, escolas
de baixo IDEB, situadas em capitais, regiões metropolitanas e grandes
cidades em territórios marcados por situações de vulnerabilidade
social que requerem a convergência prioritária de políticas públicas
e educacional.
Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.Mais Educação
10 Passo a passo Mais Educação
11 Passo a passo
macrocampo em relação permanente com os outros macrocampos e
atividades. Trabalhos interdisciplinares, projetos articuladores, grupos
de estudos e de teatro, oficinas de psicodrama, passeios temáticos,
campanhas alusivas ao tema dos Direitos Humanos etc., .
2.5 CULTURA E ARTES
2.4 DIREITOS HUMANOS EM EDUCAÇÃO
• Direitos humanos e ambiente escolar
Compreende-se Direitos Humanos em Educação na perspectiva da garantia das aprendizagens para todos nas possibilidades de
convivência e respeito à diversidade humana.
Indica-se a organização das atividades por meio de oficinas,
compreendidas como espaços-tempos para a vivência, a reflexão
e o aprendizado coletivos e para a organização de novos saberes e
práticas relacionadas aos direitos humanos: situações de defesa e
afirmação x negação dos direitos humanos e suas implicações na
organização do trabalho pedagógicos. Portanto, pressupõe-se este
Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.
Foto: Agência Brasil/Elza Fiúza
Foto: Agência Brasil/Elza Fiúza
2.3 ESPORTE E LAZER
• Atletismo;
• Ginática rítmica;
• Corrida de orientação;
• Ciclismo;
• Tênis de campo;
• Recreação/lazer;
• Voleibol;
• Basquete;
• Basquete de rua;
• Futebol;
• Futsal;
• Handebol;
• Tênis de mesa;
• Judô;
• Karatê;
• Taekwondo;
• Ioga;
• Natação;
• Xadrez tradicional;
• Xadrez virtual;
• Programa Segundo
Tempo (ME).
2.6 INCLUSÃO DIGITAL
• Software educacional;
• Informática e tecnologia da informação ( PROINFO);
• Ambiente de Redes Sociais.
2.7 PROMOÇÃO DA SAÚDE
• Atividades de: alimentação saudável/alimentação escolar
saudável, saúde bucal, práticas corporais e educação do
movimento; educação para a saúde sexual, saúde reprodutiva e prevenção das DST/Aids; prevenção ao uso de
álcool, tabaco e outras drogas; saúde ambiental; promoção
da cultura de paz e prevenção em saúde a partir do estudo
dos principais problemas de saúde da região (dengue, febre
amarela, malária, hanseníase, doença falciforme, e outras).
Propõe-se neste macrocamo aproximação / intersecção
com as ações/reflexão do SPE/MEC.
• Leitura;
• Banda fanfarra;
• Canto coral;
• Hip hop;
• Danças;
• Teatro;
• Pintura;
• Grafite;
• Desenho;
• Escultura;
• Percussão;
• Capoeira;
• Flauta doce;
• Cineclube;
• Prática circense;
• Mosaico.Mais Educação
12 Passo a passo Mais Educação
13 Passo a passo
3 Quais crianças, adolescentes
e jovens são atendidos pelo
Programa Mais Educação?
Considera-se o objetivo de diminuir as desigualdades educacionais por meio da jornada escolar. Recomenda-se adotar como
critérios para definição do público, os seguintes indicadores:
– estudantes que estão em situação de risco, vulnerabilidade
social e sem assistência;
– estudantes que congregam seus colegas – incentivadores
e líderes positivos (âncoras);
− estudantes em defasagem série/idade;
− estudantes das séries finais da 1ª fase do ensino fundamental (4º / 5º anos), nas quais há uma maior evasão na
transição para a 2ª fase;
− estudantes das séries finais da 2ª fase do ensino fundamental (8º e/ou 9º anos), nas quais há um alto índice de
abandono;
− estudantes de séries onde são detectados índices de
evasão e/ou repetência.
Cada escola, contextualizada com seu projeto políticopedagógico específico e em diálogo com sua comunidade, será a
referência para se definir quantos e quais alunos participarão das
atividades, sendo desejável que o conjunto da escola participe nas
escolhas.
2.8 EDUCOMUNICAÇÃO
• Jornal escolar;
• Rádio escolar;
• Histórias em quadrinhos;
• Fotografia;
• Vídeo.
2 .9 INICIAÇÃO À INVESTIGAÇÃO DAS
CIÊNCIAS DA NATUREZA
• Laboratório, feiras de ciências e projetos científicos.
2.10 EDUCAÇÃO ECONÔMICA E CIDADANIA
• Educação econômica e empreendedorismo;
• Controle social e cidadania.
Para saber mais sobre os macrocampos, suas respectivas atividades e ementas, acesse:
ftp://ftp.fnde.gov.br/web/pdde/manual_pdde_2009_escola_integral.pdf
Foto: Agência Brasil/Elza Fiúza
Foto: Agência Brasil/Elza FiúzaMais Educação
14 Passo a passo Mais Educação
15 Passo a passo
4 Quais são os profissionais e agentes
corresponsáveis pelo desenvolvimento
das atividades de Educação Integral
do Programa Mais Educação?
A Educação Integral abre espaço para o trabalho dos
profissionais da educação, dos educadores populares, estudantes e
agentes culturais (monitores, estudantes universitários com formação
específica nos macrocampos), observando-se a Lei nº 9.608/1998,
que dispõe sobre o serviço voluntário. Trata-se de uma dinâmica
instituidora de relações de solidariedade e confiança para construir
redes de aprendizagem, capazes de influenciar favoravelmente o
desenvolvimento dos estudantes. Nessa nova dinâmica, reafirmase a importância e o lugar dos professores e gestores das escolas
públicas, o papel da escola, sobretudo porque se quer superar a
frágil relação que hoje se estabelece entre a escola e a comunidade,
expressa inclusive na conceituação de turno x contraturno, currículo
x ação complementar. As atividades poderão ser acompanhadas por
estudantes universitários, em processo de formação específica nos
macrocampos e com habilidades reconhecidas pela comunidade,
estes por estudantes do ensino médio e estudantes do EJA.
Experiências em curso, como a de Belo Horizonte, instituíram
a figura do professor comunitário. Esse professor, com a constituição
de coletivos escolares, coordena o processo de articulação com a
comunidade, seus agentes e seus saberes, ao mesmo tempo em
que ajuda na articulação entre os novos saberes, os novos espaços,
as políticas públicas e o currículo escolar.
A secretaria designará, dentre os docentes nela lotados, um
professor com preferencialmente 40 horas semanais para exercer
a função de professor comunitário, e esse coordenará a oferta e a
execução das atividades de Educação Integral.
´É desejável que o debate acerca da educação integral mobilize toda a escola, mesmo os professores que não têm conhecimento
Foto: Agência Brasil/Wilson Dias
direto com o Programa Mais Educação. Trata-se de refletir acerca desta
responsabilidade compartilhada com a família e com a sociedade que
é a educação das novas gerações: qual é o horizonte formativo que
a escola passa a vislumbrar com a presença dos estudantes?
5 Quem pode ser o professor comunitário?
Não há uma definição “fechada” sobre quem pode exercer a
função de professor comunitário. Podemos apontar algumas características importantes. Sabe aquele professor solícito e com um forte
vínculo com a comunidade escolar?
− Aquele que escuta os companheiros e estudantes, que
busca o consenso e acredita no trabalho coletivo?
− Aquele que é sensível e aberto para as múltiplas linguagens e os saberes comunitários?
− Que apóia novas idéias, transforma dificuldade em oportunidade e se dedica a cumprir o que foi proposto coletivamente?
− Aquele que sabe escutar as crianças, adolescentes e
jovens?
− Aquele que se emociona e compartilha as histórias e
problemas das famílias e da comunidade?
− Um professor assim tem um excelente perfil.Mais Educação
16 Passo a passo Mais Educação
17 Passo a passo
7 Como posso fazer Educação
Integral em minha escola, sem o
apoio financeiro do Programa Mais
Educação ?
A escola poderá contar com o apoio financeiro dos governos
municipais e estaduais. No Brasil, existem experiências de Educação
Integral que começaram antes da aprovação do FUNDEB e nem
todas contaram com apoio financeiro do MEC. Nos casos em que
as próprias secretarias de educação não dispõem de recursos financeiros, a escola poderá ofertar atividades educacionais complementares que comecem a ensejar o debate acerca da Educação Integral,
selecionadas dentre as atividades sugeridas pelo Programa Mais
Educação e adaptadas às condições reais da escola. Essas atividades,
com turmas formadas por estudantes de diferentes séries e classes,
serão realizadas no turno inverso ao das aulas regulares, planejadas
em conformidade com o projeto político pedagógico da escola. É
importante ressaltar que o critério para cômputo da matrícula em
Educação Integral no Censo Escolar observa o mínimo de sete horas
diárias.
6 Qual é o papel do diretor da escola?
O diretor da escola, por meio de sua atuação com o Conselho
Escolar, tem o papel de incentivar a participação, o compartilhamento
de decisões e de informações com professores, funcionários, estudantes e suas famílias. Nesse sentido, o trabalho do diretor também
tece as relações interpessoais, promovendo a participação de todos
os segmentos da escola nos processos de tomada de decisão, de
previsão de estratégias para mediar conflitos e solucionar problemas.
Cabe ao diretor promover o debate da Educação Integral nas reuniões
pedagógicas, de planejamento, de estudo, nos conselhos de classe,
nos espaços do Conselho Escolar. Isso porque a Educação Integral
representa o debate sobre o próprio projeto educacional da escola,
da organização de seus tempos, da relação com os saberes e práticas
contemporâneos e com os espaços potencialmente educacionais da
comunidade e da cidade. O resultado esperado é o envolvimento de
toda a comunidade, em especial dos estudantes, em um ambiente
favorável à aprendizagem. Cabe também ao diretor garantir a tomada
coletiva das decisões acerca das escolhas pressupostos pelo Programa
Mais Educação e garantir a transferência ( exposições, prestação de
contas dos recursos recebidos).
Foto: Agência Brasil/Wilson Dias Foto: Agência Brasil/Wilson DiasMais Educação
18 Passo a passo Mais Educação
19 Passo a passo
8 Como faço, se minha escola
não tem espaço ?
1° PASSO
“É preciso toda uma aldeia para educar uma criança”.
Provérbio africano
O espaço físico da escola não é determinante para a oferta de
Educação Integral. O reconhecimento de que a escola não tem espaço
físico para acolher as crianças, adolescentes e jovens nas atividades
de Educação Integral não pode desmobilizar. O mapeamento de
espaços, tempos e oportunidades é tarefa que deve ser feita com as
famílias, os vizinhos, enfim, toda a comunidade.
Depoimento:
Quando a gente pensa em identificar potenciais do
bairro que possam ser objeto de um programa de
Educação Integral, sempre aparece “Ah! Cinema, teatro,
centro cultural...” e não tem nada disso nos bairros de
Nova Iguaçu! E aí esse era o grande desafio. O pessoal
ia para fazer mapeamento, voltava e falava “não tem
nada...” como não tem nada? Volta de novo! “Não...não
tem nada.” E aí um dia, a gente falou “gente, tem gente
e aonde tem gente as pessoas se relacionam, descobre
que lugares são esses, que são esses nossos parceiros!”
E aí a gente identificou uma igreja, uma associação,
um campo, um salão de festas, e aí fomos conversar
com essas pessoas, com essas instituições e ver de
que forma a gente poderia trabalhar com a ociosidade
desses espaços.
Maria Antônia Goulart
Bairro Escola / Nova Iguaçu –RJ
In: O Direito de Aprender (vídeo)
Inicialmente, é importante mapear os espaços da escola e os
da comunidade, verificando quais atividades é possível desenvolver
e como fazê-lo. Imagine esse mapeamento no quadro abaixo:
Espaços
Horários
Disponíveis
Atividades
Na escola
- Biblioteca
- Pátio coberto
- Sala de leitura
Na
comunidade
- Sala paroquial
- Espaço dos escoteiros
Em outros
espaços
- Museu da cidade
- Pátio do Corpo de
Bombeiros
Muitas vezes, a escola tem uma sala onde são deixadas
somente as caixas com os materiais que o MEC envia! Os manuais, os
livros, os jogos devem chegar nas mãos de quem precisa deles. Vamos
lá, professora! Distribua os materiais! Faça uma estante e ponha os
livros no canto da sala que vira uma biblioteca! Esvazie a sala e tenha
um espaço a mais para as atividades de Educação Integral!
Vamos redistribuir os espaços na escola e fora da escola!
Foto: Agência Brasil/Elza Fiúza
-Mais Educação
20 Passo a passo Mais Educação
21 Passo a passo
9 As atividades de Educação Integral
dialogam com o que a escola já faz?
2º PASSO
No contexto em que se preconiza a Educação Integral, o
projeto político pedagógico deve ser construído considerando as
experiências que são vividas na escola, sem ficar restrito ao ambiente
de sala de aula e aos conteúdos que representam os conhecimentos
científicos. Nesse sentido, é preciso oferecer às crianças, adolescentes
e jovens diferentes linguagens, e valorizar suas vivências, modificando o próprio ambiente escolar e a produção do conhecimento.
As diferentes formas que as crianças, os adolescentes e os jovens
utilizam para se expressar são as suas linguagens, por meio das quais
demonstram o que sentem e pensam sobre o mundo que os cerca.
Tais linguagens não podem ser ignoradas e devem estar presentes
na organização do espaço escolar, em diálogo com os saberes institucionalizados. Em um mundo onde as mudanças são cada vez mais
rápidas, é necessário trabalhar com diferentes saberes.
As atividades para as crianças e jovens participantes da
Educação Integral devem estar relacionadas as atividades que já
são desenvolvidas na escola, que é uma só. Seu projeto políticopedagógico, por ser o documento que traduz a filosofia e a forma de
organização pedagógica e curricular, traduz as intenções e relações
estabelecidas entre todas as atividades desenvolvidas no ambiente
educativo. É preciso pensar um continuum no tempo escolar que
está sendo ampliado.
A organização curricular contempla não só os conteúdos que
são desenvolvidos com os alunos, mas todas as intenções educativas
da instituição. Diz respeito tanto aos conhecimentos de situações
formais e informais, assim como aos conteúdos e situações que a
escola propõe como vivência aos seus alunos e às diferentes relações
estabelecidas na condução desse processo.
Nessa perspectiva, a concepção de Educação Integral
também aparece explicitada no projeto político-pedagógico da
escola, mostrando as interfaces que são estabelecidas no desenvolvimento do trabalho educativo.
Para isso, é importante que seja mapeado o que a escola
já faz.
1º) Inicie em sua escola uma avaliação e um levantamento
de sugestões com os educadores, a partir das seguintes questões:
− Qual a concepção que os educadores possuem de
Educação Integral?
− A escola já oferece atividades para os alunos em turno
inverso ao turno de aula? Quais são?
− Como são desenvolvidas essas atividades? Quais alunos
frequentam essas atividades?
− Com quais recursos (humanos e materiais)?
− Quem desenvolve essas atividades? Com quem mais a
escola poderia contar?
Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.Mais Educação
22 Passo a passo Mais Educação
23 Passo a passo
− São realizadas parcerias para o desenvolvimento dessas
atividades?
− Como a escola organiza o ambiente escolar para o desenvolvimento dessas atividades?
− Como é a convivência na escola? Como será essa convivência com o desenvolvimento de um número maior de
atividades? Como qualificar a convivência na escola?
− Se ainda não são desenvolvidas atividades de Educação
Integral quais atividades poderiam ser mais adequadas?
Como elas serão desenvolvidas?
2º) A partir da busca de respostas e do levantamento
obtido, organize-as da seguinte forma:
a) concepções de Educação Integral;
b) atividades que a escola já realiza em turno inverso ao de
aula, nos finais de semana (escola aberta) e, ainda, para
enriquecer as aulas;
c) atividades que a escola poderia realizar em turno inverso
ao de aula;
d) as parcerias estabelecidas com instituições externas à
comunidade ou parcerias que seriam possíveis.
Exemplos: atividades pensadas para datas comemorativas;
os grupos que já participaram de peças de teatro, jograis, apresentações culturais diversas; os grupos que utilizam o espaço da escola
para práticas esportivas; a destinação de espaços para encontros de
grupos, para auxílio na realização das tarefas escolares; a abertura
dos laboratórios de informática para uso dos alunos; as experiências
de palestras e projetos empreendidos por instituições, voluntários,
universidades, ONGs; as projeções de filmes; as exposições artísticas
e culturais, excursões e outras.
3º) Proponha um momento de reflexão e estudo com os
educadores sobre o significado de Educação Integral; para isso,
conheça as experiências por meio dos materiais distribuídos pelo
MEC e outras instituições. Acesse o site o MEC (www.mec.gov.br).
4º) Proponha um momento de reflexão e estudo para
repensar o projeto político-pedagógico da escola e para reescrevê-
lo, contemplando a concepção de Educação Integral adotado pela
escola e descrevendo as atividades.
5º) Transforme essas experiências de reflexão e estudo em
um momento de planejamento, por meio do qual, em linhas gerais,
serão colocadas em prática as atividades de Educação Integral inspiradas nos macrocampos.
O processo de reelaboração do projeto político-pedagógico
contemplando a Educação Integral e a elaboração do planejamento
prevendo as atividades, os responsáveis e corresponsáveis, quando,
onde e com quais recursos essas atividades serão realizadas, permitirá
que você e seu grupo de educadores reflitam sobre as atividades
desenvolvidas na escola. Então, é hora de passar para o próximo
passo.
Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.Mais Educação
24 Passo a passo Mais Educação
25 Passo a passo
Quais serão os macrocampos e as
atividades?
Haverá lanche? Haverá almoço?
Onde funcionarão?
Quem prepara a
alimentação?
Quando
funcionarão?
Quem serão os responsáveis?
Quem fica com as crianças na
hora do almoço?
O que será necessário? Onde buscar?
(Custos, Recursos materiais e humanos)
Atividade:
Local:
Turno:
Responsável:
Recursos materiais:
Macrocampo: Horário: Recursos humanos:
Atividade:
Local:
Turno:
Responsável:
Recursos materiais:
Macrocampo: Horário: Recursos humanos:
Atividade:
Local:
Turno:
Responsável:
Recursos materiais:
Macrocampo: Horário: Recursos humanos:
Atividade:
Local:
Turno:
Responsável:
Recursos materiais:
Macrocampo: Horário: Recursos humanos:
Atividade:
Local:
Turno:
Responsável:
Recursos materiais:
Macrocampo: Horário: Recursos humanos:
10 ... mas, na hora H,
na prática, como é isso?
3º PASSO
Como fazer acontecer as atividades na escola?
1º) É importante que seja definido o professor comunitário
da escola, pois ele tem a atribuição de coordenar as atividades. Assim,
agora vamos nos dirigir a ele.
2º) Planejamento
Professor comunitário!
Chegou a hora de planejar diretamente como irão acontecer
as atividades de Educação Integral, para isso estamos sugerindo um
quadro de trabalho que você poderá reproduzir e preencher para
auxiliar no planejamento das atividades. É muito importante que a
proposta de atividades e os critérios sejam discutidos com as famílias
para que haja adesão voluntária. Veja os quadros a seguir.
3º) Sugestões de grade curricular (vide página 26)
4º) Organização dos recursos e do espaço
Diretor e professor comunitário!
Vamos organizar os espaços e preparar o ambiente escolar
para o desenvolvimento das atividades de Educação Integral e
apresentar o Plano de Educação Integral e a proposta de atividades
à comunidade escolar.
5º) Definição do público para Educação Integral
Professor comunitário!
Abaixo sugerimos um quadro de trabalho com os nomes
dos alunos que participarão das atividades. É muito importante ter
o registro dos alunos que participarão, explicitando qual foi o critério
utilizado para selecioná-los, qual a atividade de que participarão e
qual o turno.
Modelo – Definição do público para Educação Integral
Nome do Aluno
Ano/
Série
Critério para
participação
Atividade(s) Turno
Modelo – Organização dos recursos e do espaçoMais Educação
26 Passo a passo Mais Educação
27 Passo a passo
Modelo – Grade Curricular
Chegou a hora de passar ao próximo passo!
HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA
8h ás 8h45 min Lanche Lanche Lanche Lanche lanche
8h45 min
às 10h
Turma A
Pintura
(Sala Mais Educação)
Turma A
Acompanhamento
Pedagógico (Biblioteca)
Turma A
Dança
(Pátio Escolar)
Turma A
Percussão
(Pátio Escolar)
Turma A
Jornal Escolar
(Sala Específica)
Turma B
Tênis
(Saguão)
Turma B
Inclusão Digital
(Laboratório de Informática)
Turma B
Rádio Escolar
(Sala Mais Educação)
Turma B
Judô
(Pátio Escolar)
Turma B
Teatro
(Teatro do Município)
10h às 10h30min Intervalo Intervalo Intervalo Intervalo Intervalo
10h30 mim
às 11h45 min
Troca
A com B
Troca
A com B
Troca
A com B
Troca
A com B
Troca
A com B
11h45 min Almoço Almoço Almoço Almoço Almoço
HORÁRIO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA
14h ás 14h45 min Lanche Lanche Lanche Lanche lanche
14h45 min
às 10h
Turma A
Pintura
(Sala Mais Educação)
Turma A
Acompanhamento
Pedagógico (Biblioteca)
Turma A
Dança
(Pátio Escolar)
Turma A
Percussão
(Pátio Escolar)
Turma A
Jornal Escolar
(Sala Específica)
Turma B
Tênis
(Saguão)
Turma B
Inclusão Digital
(Laboratório de Informática)
Turma B
Rádio Escolar
(Sala Mais Educação)
Turma B
Judô
(Pátio Escolar)
Turma B
Teatro
(Teatro do Município)
16h às 16h30min Intervalo Intervalo Intervalo Intervalo Intervalo
16h30 mim
às 17h45 min
Troca
A com B
Troca
A com B
Troca
A com B
Troca
A com B
Troca
A com B
17h45 min Refeição Refeição Refeição Refeição RefeiçãoMais Educação
28 Passo a passo Mais Educação
29 Passo a passo
11 Como dialogar com as famílias?
Este processo todo implica alianças com os familiares e com
os responsáveis pelos estudantes. Para que a educação seja “integral”, a família – compreendida como uma comunidade formada por
pessoas que são ou se consideram aparentadas, unidas por laços
naturais, por afinidades ou por vontade expressa –, participa ativamente da vida escolar. Portanto a escola deve promover o diálogo
com a família.
Já sabemos que muitos estudantes que apresentam bons
resultados na vida escolar têm a família como partícipe no processo
de aprendizagem.
Vamos refletir, com Paulo Freire:
Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções,
postulados, receitas, ameaças, repreensões, punições, mas para
participar coletivamente da construção de um saber que vai
além do saber da pura experiência feita, que leve em conta suas
necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe
transformar-se em sujeito de sua própria história. A participação popular na criação da cultura e da educação rompe com
a tradição de que só a elite é competente e sabe quais são as
necessidades e interesses de toda a sociedade. A escola deve ser
também um centro irradiador da cultura popular, à disposição da
comunidade, não para consumi-la, mas para recriá-la. A escola
é também um espaço de organização política das classes populares. A escola como um espaço de ensino-aprendizagem será
então um centro de debates, idéias, soluções, reflexões, aonde a
organização popular vai sistematizando sua própria experiência.
O filho do trabalhador deve encontrar nesta escola os meios de
autoemancipação intelectual, independentemente dos valores
da classe dominante. A escola não é só um espaço físico. É um
clima de trabalho, uma postura, um modo de ser. (Pedagogia do
Oprimido, 1991, p.16).
Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.Mais Educação
30 Passo a passo
12 Palavras finais
Restituir a condição de ambiente de aprendizagem da
comunidade e transcender à escola como único espaço de aprendizagem representa um movimento de construção de redes sociais
e de cidades educadoras. A comunidade e a cidade apresentam
diferentes possibilidades educacionais e de construção de conhecimento por meio da observação, da experimentação, da interação e,
principalmente, da vivência.
Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.
Créditos:
Maria Eliane dos Santos
Neusa Macedo
Danise Vivian
Lucenir de Andrade Pinheiro
Gesuína de Fátima Elias Leclerc
Márcia Rose da Silva
Jaqueline Moll
Debora Katia Nogueira Cavalli
Suzana PachecoMais Educação
32 Passo a passo
Ministério
da Educação
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade
Diretoria de Educação Integral,
Direitos humanos e Cidadania
Esplanada dos Ministérios,
Bloco L, Anexo I, Sala 423
CEP 70.047-900, Brasília, DF
Tel.: (61) 2104-8209/2104-8808
portal.mec.gov.br/seca

ESTOU DE VOLTA

Sua escola já tem um projeto político-pedagógico?

Toda escola deve ter definida, para si mesma e para sua comunidade escolar, uma identidade e um conjunto orientador de princípios e de normas que iluminem a ação pedagógica cotidiana.
Para a concretização dessa tarefa, diretores, orientadores, professores e mantenedores devem contar com a ajuda de um Projeto Político-pedagógico (PPP).
Ele se inicia como um ideal e caminha, passo a passo, até transformar-se em realidade. É diferente de planejamento pedagógico. É um conjunto de diretrizes que norteiam a elaboração e a execução dos planejamentos. Por isso, envolve princípios que são mais permanentes. Eles mostram e definem a identidade da escola.
Quem determina as linhas mestras do PPP são os mantenedores; ao total, ele possui três grandes pilares:
1. Fundamentos ético-políticos (valores).
2. Fundamentos epistemológicos (conhecimento).
3. Fundamentos didático-pedagógicos (relações).
O projeto político-pedagógico reveste-se da maior importância porque permitirá aos pais a escolha da escola com base em seus princípios, sua identidade e em outras características. Veja como estruturar o seu:
1. APRESENTAÇÃO – Relate como o projeto nasceu. Conte um pouco desse trabalho: o tempo transcorrido entre o ideal e o começo de sua elaboração, quem participou da efetivação, as dificuldades encontradas e os resultados alcançados. Relate também os objetivos do plano político pedagógico. Ressalte que esse projeto deve ser a fonte inspiradora de todos aqueles que constroem a história educacional da escola.
2. HISTÓRICO – Conte um pouco da história da instituição. Relate o ideal de seus fundadores e, resumidamente, o caminho que a entidade seguiu, desde o início até os dias atuais.
Coloque a identificação: designação, mantenedores, endereço, atos jurídicos de legalização dos cursos, enfim, aqueles dados que a identificam.
3. DA VISÃO AOS OBJETIVOS – Apresente uma síntese sobre a visão adotada nos seguintes tópicos (lembre-se de que, aqui, você ainda não entrou em sala de aula):
A) Visão de mundo. O mundo se transforma constantemente, e o homem é sujeito da própria educação. Dessa forma, através da reflexão sobre o ambiente, ele contribuirá para as mudanças e melhorias. No mundo tecnológico, não perderá de vista a qualidade de vida.
B) Visão de sociedade. A participação do homem como sujeito da sociedade implica uma postura crítica. A cultura constitui a aquisição sistemática da expressão humana. Por isso, uma escola deve descrever sua visão de cultura.
C) Visão de conhecimento. O conhecimento é a informação elaborada. A educação deve permitir que o homem seja sujeito do seu desenvolvimento e participe da transformação da sociedade. O objetivo da educação é dar condições para que o educando desenvolva suas capacidades como ser pensante.
D) Visão de escola. Cabe à escola, como instituição cultural, transmitir a seus alunos o conhecimento acumulado pela humanidade. Os conteúdos devem ser apenas um meio para levar o aluno a desenvolver habilidades que, harmonicamente conduzidas, — tornar-se-ão competências necessárias para uma vida de qualidade com cidadania.
E) Missão. A primeira missão de uma instituição educacional é formar as crianças para o amor ao conhecimento. A escola tem por obrigação fazer com que os seus alunos sejam felizes. Para isso, é necessário que o conhecimento seja transmitido de uma forma prazerosa. Exemplo de missão: “Oferecer ensino de excelência à comunidade e propiciar condições para uma aprendizagem significativa, atualizada e eficaz, que prepare alunos competentes, éticos e com argumentação sólida”.
F) Objetivos. Nesse espaço, entram os objetivos gerais do mantenedor. Ninguém está pensando em sala de aula, muito menos em conteúdo. Está apenas sonhando com a escola ideal. Exemplo: “Propiciar a formação de cidadãos autônomos e críticos, cuja característica seja a capacidade de argumentação sólida”. Devem ser colocados alguns objetivos gerais, não de conteúdos, e sim de ideais.
Até esta fase, tudo foi elaborado pelo mantenedor. O professor e a comunidade ainda não entraram no projeto. Agora, vamos abordar os fundamentos.
4. FUNDAMENTOS ÉTICO-PEDAGÓGICOS – Neste momento, entra em cena o Regimento Escolar. O regimento é um documento anexo e dá sustentação jurídica ao projeto político-pedagógico.
Aqui, a entidade vai trabalhar os valores éticos, políticos, religiosos, com o objetivo de formar um cidadão com uma “identidade”, isto é, com a marca da escola onde estuda. Nesse item, a escola deve explicitar o tipo de cidadão que deseja formar e para qual sociedade. Deve descrever quais os valores que serão enfatizados e vivenciados prioritariamente durante o processo educativo.
Também é preciso escolher entre três e cinco valores que a escola deverá trabalhar. Exemplos: verdade, justiça, amizade, respeito, solidariedade, competência, integridade, entre outros. Não existe “ecletismo”. Defina sua linha pedagógica com argumentos sólidos.
Por parte da escola, como deverão ser desenvolvidos o valor e o respeito? Exemplo: a escola respeita a individualidade de seus alunos. Por parte do professor, como será desenvolvido o respeito? O professor exerce o papel de educador de seus alunos. Por parte do aluno, como será desenvolvido o respeito? O aluno cuida dos bens de uso comum; exige de seus professores, de forma respeitosa, um ensino correspondente às suas aspirações.
Assim deve ser feito com cada valor escolhido pela escola, desenvolvendo alguns objetivos para a escola, para o professor e para o aluno.
5. FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS – Trata-se da construção do conhecimento. Nesse item, a escola deve definir como tratará o conhecimento, o que pensa ser o conhecimento e como ele é adquirido. Aqui ela vai definir a sua linha pedagógica e desenvolverá a sua argumentação. Exemplos: construtivista, montessoriana, positivista, interacionista, tradicionalista, etc. Os autores teóricos devem ser buscados na literatura.
O que é o conhecimento, como ele se produz, como as pessoas se apropriam dele? A humanidade já respondeu a essas questões. Veja em que autor teórico a escola vai se apoiar, pois não existe prática na escola que não esteja apoiada em uma corrente teórica. Explique como o sujeito se apropria do objeto do conhecimento.
Quando a escola escolhe os teóricos, ela está definindo a didática da sala de aula. Se, por exemplo, o autor teórico for da linha tradicional, a aula terá o professor como centro; o aluno e o conhecimento estarão num patamar mais baixo. O aluno será mero reprodutor de verdades (dogmas).
Se a escola escolher um teórico construtivista sociointeracionista, o professor será simplesmente o mediador entre o aluno e o conhecimento. Resultado final:
* Escola tradicional = Aluno ator.
* Escola construtivista = Aluno autor.
As epistemologias, isto é, as teorias do conhecimento mais em voga são:
* Empirismo/Positivismo, cujo enfoque é o conhecimento visto como descrição da realidade.
*Construtivismo Sociointeracionista, cujo foco é o conhecimento visto como representação da realidade.
Ecletismo não existe. Portanto, a escola deve se posicionar quanto à linha de ação. Em geral, as escolas estão em fase de transição da linha tradicionalista para a linha progressista. Isso porque os professores foram formados na linha tradicional, com o conteúdo estanque. Agora, a lei educacional vigente pede interdisciplinaridade e contextualização. Exemplo: se a escola for de cunho religioso, naturalmente terá muito do carisma do seu fundador.
Quando a escola escolher seus autores teóricos, deve citar um pouco da sua teoria e argumentar por que os escolheu. Por exemplo: Paulo Freire prega, antes de tudo, o gosto de viver, a construção e a realização do homem, mesmo na adversidade.
Há também Pedro Demo, Vygotsky, Howard Gardner, Jean Piaget e outros autores. Para cada um que a escola escolher, deve mencionar um pouco de sua teoria. E a escolha deve primar pela coerência.
6. FUNDAMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS – Aqui, as “Diretrizes para uma Pedagogia de Qualidade” apontam para três focos: identidade, diversidade e autonomia. A interdisciplinaridade e a contextualização devem ser a nova marca para a educação brasileira.
Nesse item, será descrito qual é o papel do conhecimento, do aluno e do professor, bem como os demais segmentos que compõem a comunidade escolar. As relações entre professor e aluno na escola são orientadas pela pedagogia, que tem como foco de trabalho a educação.
É hora de explicitar a sua contextualização de conhecimento. Os pressupostos citados anteriormente identificarão a instituição. Aqui ela vai esclarecer o que oferecerá em termos de:
Conteúdos Currículo Metodologia Avaliação
Professor Aluno Disciplina Administração
Biblioteca Laboratórios Equipe pedagógica Orientação vocacional
Orientação religiosa Relação com a comunidade
Observação: esse item já pode ser elaborado junto com os professores, pois, daqui adiante, serão eles os autores do PPP, sob a liderança da direção e da coordenação. Em alguns assuntos, pode e deve haver a participação da comunidade.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS – Os fundamentos estabelecidos nesse documento serão os indicadores do rumo para a intervenção pedagógica praticada no estabelecimento escolar. Com eles, busca-se responder às exigências da sociedade, que se caracteriza pelo dinamismo de suas transformações em todos os níveis: o social, o político, o tecnológico e o ético.
Criar as melhores condições para ajudar na transformação de um cidadão consciente, crítico e feliz é a grande tarefa educativa que perseguimos. Os princípios estão postos. A ação educativa espera o engajamento de todos que fazem parte do ambiente educacional.
8. PROJETOS SETORIAIS – Os projetos específicos, também denominados deprojetos setoriais , são os projetos de cada setor da escola: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Informática, Educação Física. Nesses projetos, devem constar os seguintes itens:
1. Identificação do setor.
2. Introdução: caracterizar o setor quanto às crianças que ali estão, quanto ao seu objetivo.
3. Diagnóstico: como estão a realidade do setor, as dificuldades, os problemas específicos.
4. Objetivos: com base no diagnóstico concluído, o que se pode fazer para melhorar o setor.
5. Metodologia: como vai se trabalhar naquele setor.
6. Conteúdos: que atitudes, conteúdos e procedimentos serão desenvolvidos naquele setor — conteúdos formativos, cidadania, disciplina. Lembre: ainda não entramos em sala de aula, estamos preparando a escola.
7. Avaliação do setor (como será feita a avaliação). Exemplo: nesse setor, avaliaremos os alunos que melhoraram seu rendimento ou que não alcançaram os objetivos propostos. Em que o setor melhorou em comparação com os outros anos?
8.1 Projeto de disciplina – Refere-se a cada uma das disciplinas curriculares. Se os temas transversais forem trabalhados por projetos, deve-se dizer como serão trabalhados, quais as disciplinas que trabalharão interdisciplinarmente, quais serão os temas que o colégio trabalhará no ano. Esse item compõe-se das seguintes questões:
Diagnóstico: como está o ensino desta disciplina? Será necessário repensá-lo?
Objetivo: o que se pretende atingir com o ensino desta disciplina?
Metodologia: como será ministrada?
Conteúdo: qual será o enfoque dado? A que competências dá suporte? Atenção: não se devem relacionar aqui os conteúdos curriculares.
Especificidades: por exemplo, será permitido o uso de máquina de calcular no ensino de matemática? A partir de que série? Como a escola vai trabalhar com jornais?
Avaliação: como ela será feita na disciplina em foco? O que se pretende cobrar dos alunos?
8.2 Miniprojeto
Identificação: os passeios que a escola faz.
Objetivos: o que se quer desenvolver com essas saídas.
Responsabilidade: quem vai ser o responsável?
Material de suporte: relacionar os materiais que serão necessários para sua realização.
Execução: fazer a descrição de como deverá acontecer.
Avaliação: verificar a extensão do miniprojeto.
9. ANEXO - Plano curricular – O plano curricular será anexo do projeto político-pedagógico e será feito como sempre foi. Agora, sim, se está entrando em sala de aula. Cada professor deverá fazer uma lista de conteúdos que vai trabalhar em sala. Sempre dará ênfase ao que vai ser trabalhado. Como será trabalhado ficará para o planejamento. É aconselhável que isso seja feito só depois que o professor conhecer seus alunos. “O planejamento é que deve adaptar-se aos alunos, e não os alunos ao planejamento.”
Nessa fase, já contamos com a orientação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e dos Referenciais de Educação Infantil (REI). Os PCNs e os Parâmetros Curriculares Nacionais Transversais (PCNTs) não são obrigatórios. Servem apenas para ajudar o professor a preparar seu conteúdo. A novidade no Plano Curricular é que não se pode ferir a Lei Educacional, portanto, os professores terão de elaborar os temas transversais em conjunto. A lei vigente pede interdisciplinaridade e contextualização dos conteúdos trabalhados desde o primeiro ciclo.
A Estética da Sensibilidade, a Política da Igualdade e a Ética da Identidade devem ser trabalhadas desde a Educação Infantil.
Quando se trata de Ensino Médio, o plano curricular deve ser feito por blocos. Planejar em conjunto será necessário.
Deve-se explicar também como será feito o sistema de avaliação. A avaliação deve ser contínua, e a qualidade deve prevalecer sobre a quantidade, sem esquecer que a recuperação é paralela ao período letivo.
Conselho de classe e exame final também devem ser explicados. Atenção: o ano letivo será de, no mínimo, 200 dias letivos e 800 horas. O exame final não estará dentro dos 200 dias. Se a escola adotar o exame final, deve aplicá-lo após os 200 dias.
O plano curricular deve ser feito como sempre foi: anexar a grade curricular, o calendário escolar, etc. Enfim, tudo como de costume.
Observação : tudo o que for trabalhado na escola durante o ano letivo deverá estar no Regimento. Por exemplo, se a escola adotar a progressão parcial, deverá constar no Regimento. Se a escola adotar classificação e reclassificação, terá de constar no Regimento. Nada que não esteja previsto no Regimento poderá acontecer.
Para finalizar, antes de fazer sua Proposta Político-pedagógica e seu Plano Curricular, consulte a Lei nº 93.94/96 e as normatizações do Conselho Estadual de Educação de seu Estado.
Marly Maria Weber – Professora e pedagoga, formada pela Universidade de Brasília – UnB. É pós-graduada pelo Ceub (Brasília) e mestre pela Universidade de Extremadura (Espanha). Dedica-se à área educacional formal e informal. Ministra cursos e palestras para educadores e gestores escolares.