Haddad e Paulo Renato debatem formação de professores
Tuesday, 09 June 09 - 08:24 AM (GMT -04:00)
By Master Santucci in Notícias - Educação
Talita Mochiute
“Um dos cernes da educação brasileira para a próxima década é a formação do professor. No entanto, não podemos focar só na formação. Para dar conta da complexidade do problema, é preciso uma resposta mais abrangente. Um dos pontos é a questão salarial”, comentou o ministro da Educação, Fernando Haddad, nesta segunda-feira (8/6).
O ministro debateu o tema Formação de Professor com o secretário de Educação do Estado de São Paulo, Paulo Renato Souza, durante evento promovido pelo Grupo Estado, na cidade de São Paulo (SP).
De acordo com o ministro da Educação, hoje um professor com formação superior recebe menos que qualquer outro profissional com a mesma escolarização. A diferença é de 61%. Em 2003, a diferença era de 81%. “Se mantivermos esse passo, é possível que até 2015 os valores estejam equiparados”.
A melhoria salarial é considerada uma medida importante para atrair os jovens para o exercício do magistério. Segundo o ministro, o interesse aparecerá se a carreira de professor não estiver em desvantagem em relação às outras.
O secretário da Educação do Estado de São Paulo concordou com a convergência de salário entre os profissionais. “Mas a questão central é que os cursos para formar professores não dão o instrumental adequado para o trabalho na sala de aula”.
Para Haddad, para o problema ser resolvido, é preciso uma maior participação do poder público. “O Estado precisa tomar a prerrogativa da formação de professores e criar um círculo virtuoso para que haja dois filtros – no ingresso no curso de licenciatura e no ingresso na sala de aula”.
Nesse contexto, Haddad ressaltou a necessidade de um maior envolvimento das universidades e instituições federais e estaduais. “Devemos garantir uma boa formação e acessível para os jovens entrarem na licenciatura. Para isso, é importante aumentar a capilaridade da rede, fixando esses jovens na sua região”.
Segundo Haddad, o Ministério da Educação (MEC), para a expansão da rede fora dos grandes centros, tomou a decisão de duplicar os cursos de licenciatura. Uma das medidas foi incentivar a criação das licenciaturas em Matemática, Física, Química e Biologia nos 38 institutos federais, os antigos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefetes). “Os institutos devem destinar 20% do seu orçamento nas 4 licenciaturas. São cursos públicos gratuitos e de qualidade”.
Ensino a distância
Ao ser indagado se a educação a distância seria um bom caminho para a formação de professores, o ministro respondeu não estabelecer essa clivagem entre qualidade e modalidade de ensino. Mas admitiu preferir o ensino presencial por proporcionar a convivência com o ambiente universitário e educação no sentido mais amplo.
“Tanto quanto possível os cursos de formação de professores devem ser presenciais. No entanto, os cursos semipresenciais podem ser uma solução para professores em serviço e para quem está longe dos grandes centros”, completou Haddad.
Paulo Renato também não se opõe ao ensino a distância. “O que sentimos é falta da questão prática, de professores mais preparados para a sala de aula. É importante o estágio nas escolas. Para professores iniciantes, é fundamental serem supervisionados”, defendeu.
O governo do Estado de São Paulo anunciou no mês passado a criação da Escola de Formação de Professores. Todos os ingressantes na rede pública estadual deverão passar por quatro meses de curso semipresencial.
Limitações dos cursos
Para Paulo Renato, a falta de preparo dos professores do Ensino Fundamental II e Ensino Médio está relacionada à formação segmentada nas universidades. “Os conteúdos são dados pelas faculdades específicas. A questão didática é vista na faculdade de Pedagogia. A idéia seria juntar conteúdos e questão didática em uma só instituição”.
O secretário também criticou a formação dos professores do Ensino Fundamental I. “As faculdades de Educação foram construídas para formar especialista em Educação, não têm vocação para formar professores de 1ª a 4ª série”.
Já o ministro é menos cético em relação às limitações dos cursos de Pedagogia. Acredita que as universidades cumprirão a missão de formar docentes. “O ponto central é a orientação dos cursos. Temos condições de influenciar os projetos político-pedagógicos”, comentou.
Haddad apontou três instrumentos para o MEC induzir alterações nos cursos de Pedagogia e Licenciatura. Um deles é o Exame Nacional de desempenho de estudantes do Ensino Superior (Enade). Outro é a prova de admissão na carreira (concurso). Os dois seriam voltados para questões da prática de ensino.
O ministro defendeu ainda maior rigor na autorização de abertura dos cursos de Pedagogia e o descredenciamento de cursos que não atendem às especificidades da formação de docente.
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