sexta-feira, 17 de abril de 2009


Para a educadora Regina de Assis, uma das maiores especialistas do Brasil em educação infantil, a ampliação do ensino fundamental é boa, mas é preciso tomar alguns cuidados.
Ela alerta os professores que, aos seis anos, a criança ainda aprende por meio de brincadeiras, de forma lúdica, e não deve ser jogada no sistema forma do ensino fundamental sem que isso seja levado em conta.
A educadora explica que essa fase é favorável ao desenvolvimento cognitivo, em que a criança passa a ter mais facilidade para lidar com a linguagem, a escrita, a leitura e a interpretação. Ela também começa a entender os mecanismos das quatro operações matemáticas.
"Apesar de todo o potencial para aprender, a criança aos seis anos ainda quer brincar. Não se pode pensar que acabou o tempo da brincadeira e começou o da seriedade.
Ela está com uma condição psicolinguística muito favorável, mas o professor só vai ter êxito se trabalhar de forma lúdica", alerta Regina, que hoje está à frente da
Multirio, órgão da prefeitura do Rio que trabalha com a educação e os meios de comunicação.
A preocupação de Regina é dividida com outros educadores. Jogar uma criança de seis anos no ensino fundamental hoje é também expô-la, ainda mais cedo, a uma das maiores tragédias da nossa escola: a repetência.
Dados do MEC mostram que é justamente na primeira série do ensino fundamental onde estão as maiores taxas de repetência do Brasil: 36%. Isso significa que um em cada três estudantes da primeira série estão repetindo a série.
Não é preciso ser especialista para saber que os efeitos da repetência de um estudante de sete anos em sua auto-estima são devastadores. Antecipar essa bomba para mais cedo deve afetar ainda mais a auto-estima da criança.
É esse tipo de preocupação que todos devemos ter com as propostas do MEC. Os técnicos do ministério sabem desse problema e prometem orientar os municípios e Estados a dar um tratamento adequado à idade da criança de seis anos.
O problema é que o ensino fundamental é responsabilidade dos municípios. Como o MEC não tem como fiscalizar cada município, cabe a sociedade verificar se uma boa idéia como essa não vai acabar, no final das contas, trazendo ainda mais prejuízos para a qualidade do ensino.

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